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Coluna Museu do Surfe, de Gabriel Pierin, apresenta história do paulista Carlos Motta, surfista de 72 anos e que tem trajetória pessoal e profissional na área de arquitetura retratada em dois livros.

Carlos Motta[gallery td_select_gallery_slide="slide" ids="3600021,3600016,3600022,3600015,3600014,3600019,3600018,3600013"] Filho de Cândido Motta e Mafalda Marazzi, Carlos Motta nasceu em São Paulo no dia 21 de maio de 1952. Oriundo de uma família de intelectuais, Carlos é neto do magistrado e ex- Ministro da Educação e do Supremo Tribunal Federal, Cândido Motta Filho, e primo do compositor e produtor musical Nelson Motta. Os avós moravam no Posto 6, na Souza Lima, em Copacabana. Ali existia um movimento de pesca, e Carlos ainda pequeno já conversava com os pescadores, encantado pela vida marinha. Pelo lado materno, o avô, Temístocles Marazzi, um artista italiano, emigrou ao Brasil para fazer os detalhes artísticos do Teatro Municipal de São Paulo, obra finalizada em 1911. Ele ficou entusiasmado com o País e escolheu a capital paulista para morar e formar sua família. A aproximação com o mar viria do hobby que realizava junto ao pai, seguindo a tradição de captura do robalo, de barco pelo rio Itapanhaú, em Bertioga. Carlos lembra daqueles momentos introspectivos, de uma pesca meditativa, silenciosa, assim como das pescarias peixes grandes em alto-mar. Aos 13 ele já se embrenhava no fundo do mar nas pescas submarinas, atividade que sempre o acompanhou. O pai era publicitário e recebia revistas do mundo todo. Numa dessas publicações, a francesa Paris Match, Carlos viu a foto de um surfista com um pranchão em La Barre que o hipnotizou. Foi quando ele descobriu o que era o surfe. Até aquele momento, Carlos se divertia pegando onda de peito sobre as pranchinhas de madeira ou na Planonda de isopor. Depois da descoberta o primo Zé Lattes comprou uma Glaspac, em 1966, em que os dois dividiam as ondas do Guarujá. Com a evolução no surfe veio a tão sonhada Surfboards São Conrado, encomendada direto com o Coronel Parreiras, em 1967. Quando a prancha ficou pronta, o Arpoador foi o palco da estreia. De volta a São Paulo, Carlos passou a viver cada vez mais o surfe e a participar ativamente na crescente turma do Guarujá, com o Brito, Thyola, Luciano, Guloseima, Sergião, Allan, Sidão, Teixeira, Alfredo, todos unidos em torno do surfe, do skate e da música. Carlos apresentou a praia de São Pedro e pela antiga relação com a pesca, levou a turma para lugares já conhecidos por ele, como as praias de Cambury, Baleia, Maresias e Barra do Sahy. A parada obrigatória era no Café Societe do Vai Querer, em Bertioga, um botequinho de madeira, para comer pastel e empadinha. O dono, um senhor negro, mineiro, muito distinto, era um intelectual de boa formação e falava com orgulho do dia que recebeu a visita do então Ministro Cândido Motta. Ele não lembrava da presença do neto e agora frequentador assíduo do Café e isso tornava o relato ainda mais interessante. Em dezembro de 1968, Carlos fez a transição para a mini model quando trouxe uma Holmesy 8’ de sua viagem aos Estados Unidos. Carlos ingressou no Centro Universitário Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, onde cursou Arquitetura, na mesma turma do primo Guilherme e dos amigos surfistas Marcelo Villardi, Thyola e Antônio Brito, sócio de Thyola na Moby Surfboards. Eles partiam de Mogi em direção a Ribeirão Pires para pegar a Estrada Velha, descer a Serra e pegar onda. As descidas acabaram se transformando em fugas para as praias do Guarujá e do litoral norte. Aos finais de semana passavam o dia pegando onda e exercendo a contracultura vigente na época, em que a mocidade vivia a liberdade e os prazeres na sua plenitude. As surftrips pelas praias selvagens também eram uma oportunidade para Carlos coletar restos de madeiras e de troncos deixados pelo mar e transformá-los em matéria-prima para suas criações. Naquele início dos anos 1970, o artesão dava os primeiros passos que iriam torná-lo um designer de móveis premiado e reconhecido no mundo todo. Em 1972 fez parte de uma surftrip para o Peru, ao lado de Thyola, Sidão, Teixeira e outros brasileiros. Essa foi a primeira de inúmeras viagens que se seguiram para os principais picos de surfe do mundo, como Mentawai, Maldivas, México, Costa Rica, El Salvador, África do Sul, entre outros, colecionando memórias e fatos pitorescos. Carlos Motta é casado com Sibylla e pai de quatro filhos surfistas: Layla, Diego, Gregorio (criador da Aerofish Surfboards) e Max. A filha do casal, Layla, é casada com o jornalista Bruno Torturra, filho de Eduardo “Piolho” Nogueira, surfista pioneiro santista e um dos idealizadores do primeiro Campeonato Paulista de Surfe. Aos 72 anos, Carlos continua surfando as boas ondas da vida e do mar. Sua trajetória pessoal e seu trabalho na área da arquitetura foram retratados em dois livros: Puramente Carlos Motta e Carlos Motta e a vida. Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal

source https://www.waves.com.br/especiais/pararadical/projeto-dream-challenger-no-rip-em-copacabana/

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