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Gabriel Pierin, colunista do Museu do Surfe, apresenta história de Wadir Giannattasio Junior, o Pinguim, criador do primeiro rack nacional exclusivo para transporte de pranchas.

Pinguim e George Emenergge[caption id="attachment_3583168" align="alignnone" width="708"] [media-credit id=6883 align="alignnone" width="708"][/media-credit] Pinguim e George Emenergge na praia eo Moçambique, Florianópolis (SC).[/caption] A história do paulistano Wadir Giannattasio Junior, o Pinguim, com o mar começa na cidade de Itanhaém, Litoral Sul paulista, no longínquo verão de 1966/67. Sua primeira pranchinha, de madeira, da Oceania, foi um presente do pai, quando ele tinha 6 anos de idade. Seus dois primos mais velhos, Maneco e Cicerinho, tinham imensas tábuas havaianas. Eles atravessavam o rio Itanhaém em pé ou remando deitado sobre elas. O surfe de Pinguim começou com uma Glasplac MK1, a primeira que ele atravessou a arrebentação e surfou de pé sobre as ondas. Sua experiência com fabricação começou com uma linda prancha de madeira que envolveu toda a família, fruto do trabalho anual do irmão, Kiko, no Ginásio Vocacional do Colégio Oswaldo Aranha, em São Paulo. Em seguida, os irmãos fizeram uma nova experiência. Eles descascaram a Glaspac, deram um novo shape e laminaram com resina e fibra de vidro. As pranchas ficaram ótimas. A partir daí o surfe tornou-se assíduo na vida de Pinguim. Todos os finais de semana, ele viveria a fantástica fase de desbravar praias e ondas por todo Brasil. [caption id="attachment_3583167" align="alignnone" width="696"] [media-credit id=6883 align="alignnone" width="696"][/media-credit] Irmãos Pinguim, Kiko e Cássia em Itanhém (SP).[/caption] Antes do surfe competitivo, Pinguim e os antigos surfistas consideravam-se desbravadores de ondas e praias, uma espécie de “bandeirantes das praias” na busca de suas maiores riquezas, as ondas perfeitas. Com esse espírito aventureiro, Pinguim mudou-se para Floripa, em 1975, mas antes disso acontecer, algo que incomodava os surfistas que viajavam pelo Brasil precisava mudar. O único bagageiro existente era o Weekend e alguns surfistas se arriscavam transportando pranchas pelas estradas de forma insegura e arriscada. Pinguim pensou em algo que resolvesse o problema. Ele somou os recursos da sua oficina de pranchas, do seu rack Aloha americano e de um outro rack de pesca. Esse pequeno bagageiro pesqueiro era fixado na capota com ventosas. Ele projetou o protótipo do Rack Pinguim e se preparou para uma surftrip de teste pelo litoral norte paulista. Naquele feriado de 7 de setembro de 1973, a viagem tinha um destino e um propósito. Chegar à Praia Grande, em Ubatuba, para surfar com um quarteto de pranchas sobre um protótipo do Rack Pinguim idealizado para elas. A viagem épica começou com um atraso de quase uma hora na montagem do rack. As pranchas de Pinguim e dos três amigos foram amarradas e a fixação do rack testada sobre a Brasília. Eles pegaram a Rodovia Dutra e experimentaram todos os tipos de adversidades: o vácuo dos ônibus e dos caminhões deixado nas ultrapassagens, os buracos da nova pavimentação e a alta velocidade nos retões da estrada. Nada aconteceu! Pranchas intactas e devidamente presas ao rack. A coroação veio do amigo Pinotte, o anfitrião de Ubatuba. Quando a Brasília chegou na sua casa, ele foi logo perguntando: “De quem é esse rack americano?”. Pinguim estava orgulhoso da sua criação e voltou para São Paulo com outras 10 encomendas na bagagem. Os anos provariam o sucesso do primeiro rack de pranchas do mercado brasileiro. Naqueles tempos, a cada verão uma grande marca de prancha despertava o desejo de consumo nos surfistas: São Conrado, Rico, Kiko, Lightning Bolt, entre outras. O Surf Rack Pinguim acompanhou a trajetória das marcas que faziam a cabeça dentro d’água, mantendo-se sempre no topo. Era seguro, durável, antifurto e ainda podia ser guardado no porta-malas do carro. Mais do que isso: o rack exposto no carro simbolizava uma atitude, o símbolo de uma era. Pinguim seguiu adiante, inovando na fabricação de outros produtos para esportes aquáticos: pranchas, alças, pé de mastro, retrancas reguláveis, capas e protetores para wind surf, na modalidade Onda, sua segunda paixão. Outro produto de grande sucesso foram as Hand Fins Pinguim. Um produto genuinamente brasileiro, dedicado ao surfe. Brasileiros campeões como Jojó de Olivença e Felipe Dantas, e alguns do Top 15 mundial, como Cheyne Horan, Glen Winton e Richie Collins apareceram usando as Hand Fins By Pinguim, em fotos nas revistas nacionais e internacionais. Pinguim foi um sucesso que atravessou gerações iniciando na marca Kiko Surfboards e inovando com o Surf Rack, a Top Cord e a Hand Fins. Todos com a assinatura By Pinguim. O desbravador continua na ativa, fabricando capa de barcos. Ele ainda pratica body surf, wakeboard, remo e vela. Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal

source https://www.waves.com.br/especiais/australia/voces-verao-marolas-de-sonho-na-australia/

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