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Suelen Naraisa fala sobre sua caminhada, campeonatos, vida, escola de surfe, próximos passos e muito mais, em série de entrevistas que comemoram o mês da Consciência Negra no Waves.

Suelen Naraisa[caption id="attachment_3355892" align="alignnone" width="696"] [media-credit id=1858 align="alignnone" width="696"][/media-credit] Suelen Naraisa em ação pelo Brasileiro Profissional.[/caption] Em continuação à nossa série de entrevistas especiais, que celebra os maiores surfistas negros do Brasil, hoje falamos com Suelen Naraisa, uma das mais vitoriosas surfistas brasileiras. Suelen é educadora física por formação e nasceu em Ubatuba (SP), onde aprendeu a surfar desde os 8 anos de idade, motivada pelo irmão mais velho. Naraisa teve que enfrentar o maior pesadelo com apenas 10 anos, quando foi diagnosticada com um câncer e teve que passar bom tempo fora d’água. Com o apoio da família, Suelen venceu a batalha e na primeira oportunidade já voltou a surfar. Aos 26 anos, Suelen já era bicampeã brasileira (2009 e 2010) e se destacava no ranking mundial de surfe do WQS. Após se consagrar duas vezes campeã nacional, Suelen percebeu que tinha uma nova missão: proporcionar a outras pessoas a inexplicável sensação de “voar sobre as águas”, ensinar o surfe. Itamambuca é considerada uma das melhores praias para a prática do esporte em Ubatuba e no Brasil, oferecendo ondas para todos os níveis. Desde a fundação da escola de Surfe Suelen Naraisa, mais de 2.500 alunos já foram ensinados a surfar. Além das aulas de surfe em Ubatuba, Suelen Naraisa participa e organiza diversos eventos na modalidade, destinados as mulheres. Encontros que proporcionam experiências como autoconhecimento, aumento da auto-estima, integração com outras mulheres e com a natureza. Suelen é uma verdadeira expoente do talento e vencedora, tanto nos torneios quanto na vida. Ao Waves, ela conta da sua caminhada, campeonatos, vida, escola de surfe, próximos passos e mais. Confira a seguir. [caption id="attachment_660020" align="alignnone" width="622"] [media-credit name="Clemente Coutinho" align="alignnone" width="622"][/media-credit] Suelen Naraisa comemora vitória em Ipojuca (PE), 2010.[/caption] Por ter conquistado muitos títulos e sempre ter performances incríveis dentro d’água, você conquistou o reconhecimento de todo o país. E isso é atribuído ao seu talento, troféus e uma história incrível. O que acha que te fez chegar a esse nível? Desde pequena Deus me mostrou que tudo era possível, quando Ele me deu a oportunidade em continuar viva. Tenho certeza que sou um milagre. Isso eu levei para a vida. Acreditar, trabalhar, me dedicar e conquistar, mas também tive um suporte incrível das pessoas que sempre estiveram ao meu lado. Família, amigos, técnico e patrocinadores, sempre sonharam e acreditaram no meu potencial. Não tem mágica, teve muito comprometimento e aí está o resultado. Só agradeço. Você enfrentou desafios significativos na vida, como vencer um câncer aos 10 anos de idade. Como essa experiência influenciou a paixão pelo surfe e as conquistas até agora? Foram três longos anos de tratamento. Eu já surfava, nasci na beira da praia, meu tratamento, a maior parte, foi feito na capital São Paulo. O que me deixou afastada de tudo que eu mais amava, minha família e esporte. Todo dia eu falava para minha mãe que queria voltar para casa. Mesmo muito nova amadureci e aprendi que tudo é possível, que a vida é uma caixa de surpresas, então sempre fui em busca dos meus objetivos: surfar as melhores ondas do mundo, competir muitos eventos, pois eu amo competição, e me dedicar ao máximo a tudo que fizesse. E com isso conquistei meus títulos, minha escola de surfe, fiz uma faculdade de educação física e hoje sou essa Suelen que todos conhecem.   Ver essa foto no Instagram  

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Você tem alguns títulos importantes na carreira. Qual você considera o mais significativo, aquele que guarda com carinho? Com certeza meu primeiro título brasileiro de surfe. Foi suado, bati na trave algumas vezes. Em 2009, 12 atletas brigando por esse título, uma nova geração chegando cheia de gás e eu venci. Que sensação maravilhoso, a minha satisfação pessoal foi a minha maior recompensa. Depois de levantar diferentes troféus, você se encontrou ensinando o surfe. Como você se sente proporcionando essa experiência para outras pessoas? O poder do esporte é realmente especial? Quem me conhece já escutou isso da minha boca. Todos seres humanos deveriam experimentar a sensação única que o surfe proporciona. Hoje me realizo a cada aluno que coloco em cima de uma prancha, é muito mais que um esporte. O surfe é único. Surfar e aprender todos os dias que somos capazes, que não temos controle da vida, que se abrir para novas possibilidades pode abrir novos caminhos. O surfe é viver em constante evolução. Mas para isto temos que estar dispostos a sair da nossa zona de conforto.   Ver essa foto no Instagram  

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Nos eventos que corria no seu auge e nas conquistas, você chegou a reparar olhares de discriminação? Dizer que não seria hipocrisia, mas eu fui desafiada muito nova a acreditar em mim e como eu falei, se Deus me deu uma vida. Nada nem ninguém iria me fazer desistir dos meus sonhos. E dessa maneira que levo a vida até hoje. Se eu cair, levanto. Se me derrubarem, levanto novamente e se tentarem me parar, levanto novamente. No mais é isso. Treinei para surfar bem, sabia das táticas para competir bem. Estudava e lia muito para falar bem e dar entrevistas (risos). Eu tinha e tenho um patrocínio que acreditava em mim. Então um olhar é só um olhar. Para você, qual seria a receita perfeita para ter mais profissionais negros no mundo do surfe atualmente? Um assunto polêmico (risos). Não acredito ter receita, vejo que talvez seja um problema de cultura mesmo, pois sinto que são formadas as panelas em quase todas as aéreas e isso dificulta a entrada de muitos nos meios que vivemos, seja lá quem for, negros, brancos, nordestinos, etc.   Ver essa foto no Instagram  

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Na sua carreira, incontáveis baterias foram disputadas, desde o momento em que você decidiu que ia em busca do seu sonho. Qual foi a disputa mais memorável para você em tanto tempo de competição? Com certeza minhas baterias com a Silvana Lima. Sempre foram emocionantes. Perdi várias e ganhei algumas. São muitos anos dentro d’água em picos e mares completamente distintos. Apesar do quintal de casa sempre receber um carinho especial, ao olhar para todos os locais em que você já surfou, qual foi a sua onda favorita e por quê? Sou apaixonada por dois grandes lugares: Waimea, no Havaí, onde tomei o maior caldo da minha vida, saí de jet da água, com vários salva-vidas do lado, cena de filme (risos). E outro é Maldivas, a onda de Chickens, onde me sinto em casa e acolhida pelos locais. Quais os próximos passos da sua carreira, seja como competidora ou professora? Hoje tenho a minha escola de surfe e me realizo a cada dia, nas aulas, meus projetos de viagens de surfe para mulheres e uma leve vontade em voltar a competir, talvez isso aconteça para o próximo ano. No mais, só agradeço onde cheguei, tudo que o surfe me proporcionou e a todos que torcem por mim. Leia mais Luis Neguinho - Pioneiro do Progressivo   Ver essa foto no Instagram  

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source https://www.waves.com.br/cobertura-especial/isa/isa-world-junior-recuperacao-brasileira/

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