Atualmente, os surfistas que competem na elite do surfe mundial, o CT, salvo algumas ocasiões, não mantem um airbrush, ou pintura, que seja característica a ponto de o identificarmos imediatamente a partir da arte. Dos anos 1970 ao início dos 2000, algumas pranchas tornaram-se ícones que até hoje influenciam nós, meros mortais, na hora de encomendar aquele foguete.
Quem nunca pensou em pedir uma prancha com um raio no meio, ou mesmo fez uma bordinha à la Curren para se inspirar. O fato é que pranchas como as de Terry Fitzgerald tornaram-se verdadeiras obras de arte com seus airbrushs e até uma prancha branca, no caso a de Kelly Slater com sua fibra de carbono na longarina, fazem parte da cultura surfe mundial.
Sabemos que a lista não representa uma unanimidade, entretanto, esperamos que nossa escolha o faça viajar no tempo.
1 – A prancha do raio – Gerry Lopez surfou com a icônica prancha Lightning Bolt, reconhecida pelo seu logotipo em formato de raio, tornando-a um símbolo do surfe nos anos 70 e até hoje uma marca respeitada e reverenciada.
Gerry se notabilizou por seu estilo soul surfer, principalmente ao dominar com maestria a onda de Pipeline, no Havaí. As imagens de Mr. Lopez dropando em Banzai, ou pegando tubos incríveis em Pipe é associada às suas pranchas.
Seu estilo suave e fluído dentro dos tubos se tornou lendário e serviu como inspiração para inúmeros surfistas em todo o mundo. Lopez parecia se fundir com as ondas, o que rendeu a reputação de ser um dos mais elegantes e talentosos surfistas de sua época.
Até os dias de hoje, a Lightning Bolt continua sendo uma referência no mundo do surfe e uma homenagem ao incrível legado de Gerry Lopez. O surfista havaiano não apenas deixou uma marca indelével no esporte, mas também inspirou gerações de surfistas a perseguir seus sonhos, abraçar a natureza e buscar a harmonia com o oceano.
2 – Faixa preta – Esta prancha até hoje povoa o imaginário de muita gente e ganhou sua alcunha após impulsionar Curren em direção aos seus primeiros títulos mundiais na temporada 1985/1986. O nome Black Beauty (a prancha é uma das mais vendidas da Channel Islands até hoje) surgiu devido à pintura preta nas bordas superiores, tornando-a instantaneamente reconhecível e memorável.
Os entusiastas do surfe que acompanharam o circuito mundial naquela época têm em suas memórias como Curren conduziu sua Black Beauty até a vitória em uma emocionante bateria semifinal contra o rival Mark Occhilupo no prestigiado Rip Curl Pro de 1986 em Bells Beach. Essa eletrizante disputa é considerada uma das mais memoráveis da história do surfe competitivo.
3 – Snap Back em Pipe com faixa transversal. No Pipe Masters de 1991, Tom Carroll realizou uma manobra que redefiniu o surfe em ondas pesadas. Esse icônico movimento, executado em uma prancha semi-gun de 7’8″, foi radical além da compreensão para o surfe do século XX. Vinte e seis anos depois, ainda sentimos a mesma emoção.
Mesmo em 2017, ninguém estava fazendo essa loucura nas ondas perfeitas de Pipeline. A prancha com a uma faixa transversal utilizada na ocasião foi uma Pat Rawson com as medidas: 7’8 x 17.87 x 2.37, round pin. O modelo tornou-se uma assinatura de Tom e até hoje quando nos deparamos com esse air brush lembramos da potência daquela manobra.
À época, Tom se notabilizou por ter feito um trabalho visando o fortalecimento de suas pernas, e o resultado pode ser constatado no tipo de curva executado por ele nesse momento que entrou para a história do surfe moderno, quando ele faz curvas em uma 7’8″ como se fosse uma prancha de 6’3″.
4 – Martin Potter criativo – O estilo irreverente e radical de Martin Potter, campeão mundial de surfe em 1989, transcendia as baterias, nas quais ele sempre imprimia um ritmo radical e nada burocrático. Para quem vivenciou a Era Pottz, sabe que uma de suas marcas registradas, além da invenção de novas manobras e de um surfe à frente de sua época, eram as pinturas de suas pranchas.
Primeiro com as Town & Country verde-amarelas, depois com as famosas pranchas com semi círculos verde e roxos, passando pelas labaredas nas bordas, todas com variações de cores.
As pranchas de Pottz sempre tiveram muita personalidade e escolhemos os modelos das fotos para representar a marca registrada desse Hoje, o legado de Pottz perdura, com seu nome eternizado como um dos grandes inovadores do surfe competitivo.
5 – Kelly’s models – Não há assunto relacionado ao surfe no qual não haja uma interseção com nosso 11 vezes campeão mundial de surfe, Kelly Slater. Sua trajetória por si só já o credencia para estar em qualquer lista do esporte que se preze. Quando o assunto são as pranchas de surfe, ele aparece, pra variar, como influenciador ainda hoje ativo.
Dos vários designs e pinturas utilizadas por Kelly, escolhemos o modelo de Al Merrick totalmente branca, com as listras da fibra de carbono ao centro. Essas pranchas, apesar de brancas, influenciaram e reforçaram ainda mais o legado de Slater, dentro e fora da água. Na época em que foram lançadas, todos queriam ter uma pranchinha pelo menos parecida com o fenômeno Slater.
Ele ainda teve a fase das mulheres, entre outros modelos, a sua maioria clean. Atualmente Kelly segue com parcerias relacionadas às pranchas, inclusive trabalhando efetivamente em designs com a Tomo Surfboards.
6 – Arte para o sultão – Além de suas habilidades em cima da prancha, Terry Fitzgerald, o Sultão da Velocidade, também se destacou como shaper. Ele fundou sua própria marca de pranchas de surfe, a Hot Buttered, que se tornou um sucesso mundial. Como shaper talentoso, Terry arrepiava na água e, além disso, criou designs inovadores e funcionais.
Contudo, podemos dizer que umas das imagens mais celebradas quando se pensa em Fitzgerald são os airbrushs irados criados pelo artista australiano Martyn Worthington, que imortalizou as pranchas dele. As pinturas eram sempre originais, dando uma pegada artística que podemos, sem medo de ser clichês, comparar a um quadro.
As pinturas airbrush de Worthington frequentemente retratam cenas de ondas perfeitas, praias paradisíacas e elementos da natureza. As cores são vibrantes e os detalhes minuciosos.
7 – Shaper e surfista profissional – Atualmente você imaginaria um surfista profissional da elite mundial, o CT, surfando com shapeadas por ele mesmo? Provavelmente não. Todavia, nos anos 1980, um garoto da Califórnia, aos 14 anos, já shapeava seu próprio quiver, com o qual enveredou para o Circuito Mundial e fez história.
Filho de Lance Collins, shaper fundador da Wave Tolls, tradicional marca de pranchas californiana, Richie também ficou conhecido por seus radicais floaters entre outras manobras inovadoras.
Ele obteve vitórias significativas no Circuito Mundial, entre elas a final disputada em Bells Beach, no anos de 1992, quando venceu Martin Potter, na Austrália. Richie abandonou o circuito por volta de 1996, mas deixou suas marcas registradas através de suas coloridas Wave Tools.
(Acima, no detalhe à esquerda, o brasileiro Hemerson Marinho, que naquela época iniciava sua trajetória no Circuito Mundial).
8 – Johnny “Bad” Boy – Se tem um cara que traduz exatamente o estilo de local brabo havaiano, esse cara é Johnny Boy Gomes. Suas pranchas, ao melhor estilo com cores vivas, além de suas performances em alto nível, faziam com que ele nunca passasse batido nas sessões de Pipeline, Sunset, Waimea, entre outros picos que ele sempre dominou no North Shore havaiano.
Sua especialidade sempre foi ondas power, nas quais conquistou vitórias em Sunset Beach (1993) e no Pipeline Masters (1993). Aos 34 anos, ganhou o maior prêmio em dinheiro de sua carreira, US$ 56 mil, ao vencer o Backdoor Shootout em Pipe (1999). Johnny também participou do Quiksilver in Memory of Eddie Aikau em duas ocasiões, conquistando o terceiro lugar em 1999 e o sexto lugar em 2002.
9 – Horan Style – Nascido em Sydney, filho de um campeão australiano de patinação de velocidade, Horan começou a surfar aos 10 anos. Ele venceu o título de Juniores de New South Wales em 1974 e foi campeão australiano de escolas em 1976. Neste mesmo ano, conquistou o Campeonato Australiano de Skateboard da Coca-Cola.
Junto com Geoff McCoy e o designer Ben Lexcen, Cheyne Horan desenvolveu uma quilha com quilha lateral baseada no design de um veleiro da America’s Cup. A Star Fin continua a ser bem vendida até hoje.
Ele também produziu um filme, Scream in Blue, narrando sua vida e visões em 1987. Horan ficou em segundo lugar, atrás de Wayne Bartholomew, na disputa pelo título mundial de 1978, vencendo o Waimea 5000 no Brasil.
Cheyne Horan um ícone do design – reprodução internetCheyne Horan, legend do design.Cheyne não aderiu às bi e triquilhas, e seguiu usando single-fins por um bom tempo. Ele foi um forte defensor das pranchas Lazor Zaps de Geoff McCoym , com bico estreito e rabeta larga (formato de gota).
10 Tube rider – O havaiano Dane Kealoha, falecido recentemente, foi um dos primeiros a entubar profundo em ondas desafiadoras como Backdoor e Pipeline, no Havaí. Rebelde, ele não conquistou o título mundial por conta de um desentendimento entre dirigentes da ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), anterior à World Surf League, que o puniu por conta de ter competido nos eventos do Havaí.
À época, a entidade máxima do surfe, ASP, havia estipulado que quem surfasse nos eventos do North Shore sofreria punições, entre elas multa e corte de pontos. Mas o que ficou foi a imagem de Dane andando em alta velocidade por dentro do tubos do Backdoor, imortalizada em filmes como Fantasea (1978), Wave Warriors (1985), Gone Surfin’ (1987) e Rolling Thunder (1991). Escolhemos a prancha vermelha e amarela para representar a era Dane e toda sua personalidade.
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