Gabriel Sampaio e Willyam Santana sagraram-se campeões do Itacoatiara Big Wave 2022, descendo ondas que foram consideradas entre as maiores já surfadas no Brasil. O atleta de Niterói garantiu 26.17 pontos e o lugar mais alto do pódio na modalidade remada ao surfar ondas potentes, uma delas com seis metros, em condições extremas e adversas, na Praia de Itacoatiara. Já o sergipano Willyan Santana somou 23.59 pontos e levou o título no tow-in (quando o surfista é rebocado por um jet-ski) se destacando nas duas sessões na Laje do Shock.
Prata da casa, Gabriel comemorou a fase atual do surfe brasileiro e niteroiense, e ainda destacou a importância de eventos como o IBW 2022 para os surfistas.
“Estou muito feliz de participar dessa fase do surfe no Brasil, principalmente aqui em Itacoatiara. Acho que nós somos exemplo para o resto do Brasil em relação aos eventos, em relação à toda cena local. Vários filmmakers, surfistas, muita gente envolvida, e é graças a toda essa cena e todo esse suporte que conseguimos ter hoje em dia que eu estou aqui sendo campeão de um evento tão maneiro”, afirmou o campeão.
O havaiano Kalani Lattanzi, que também cresceu nas ondas pesadas da praia de Itacoatiara, e o saquaremense Marcos Monteiro ficaram em 2ª e 3ª lugar, com 19.83 e 13.74 pontos, respectivamente, em disputa na única janela de remada aberta durante o campeonato. A paranaense Michaela Fregonese recebeu uma menção honrosa pela atitude e estilo que a levaram à quarta colocação na categoria entre 10 competidores. Ela ainda encarou a maior onda já surfada por uma mulher em Itacoatiara e no Brasil em todos os tempos, de cinco metros de altura.
Os também saquaremenses Valentin Neves e Lucas Chumbo completaram o pódio em disputa acirrada com excelentes performances nas duas sessões de tow-in realizadas na Laje do Shock. Eles fizeram 22.53 e 22.23 pontos, respectivamente. Campeão da modalidade, Willyam Santana fez parceria com os pilotos de jet-ski Paulo Diego Imbica e Ilan Blank.
“Eu estou muito feliz em ser o campeão do primeiro evento de tow-in do Itacoatiara Big Wave. Aquela onda é muito desafiadora. Acabei abrindo a minha cabeça, mas que bom que ela rendeu um prêmio. O evento está de parabéns. A organização foi incrível! Fez reuniões com os atletas, se preocupou com a nossa segurança, com tudo”, disse o big rider, que é grato pelo carinho que recebeu em Itacoatiara.
“A galera de Itacoatiara é muito receptiva, abraça muito a gente. Os surfistas locais têm um carinho não pela identificação da pessoa, e sim pelo surfe, em ver o surfe crescer como esporte. E isso é muito bom. É muito gratificante para nós que somos atletas”, ressaltou.
Critérios de julgamento e quadro com resultado final
No formato digital, as provas do IBW 2022 foram abertas para surfistas consagrados e amadores, homens e mulheres, e as chamadas foram realizadas com base na previsão das grandes ondulações (swells). Durante a janela de três meses (junho a agosto), os atletas surfaram grandes ondulações, todas registradas em vídeo e enviadas para serem julgadas por um comitê técnico especializado.
Os critérios de julgamento foram o tamanho, criticidade e dificuldade da onda, além de manobras e controle, o que inclui a atitude do atleta em se colocar na parte crítica da onda em uma situação de risco a execução de manobra.
Para cada onda julgada, são atribuídas cinco notas (uma para cada juiz). A maior e a menor são descartadas, e das três restantes calcula-se a média. A nota final foi obtida pela soma das duas maiores notas, sendo que a maior é multiplicada por dois. Esse é o critério adotado pela Liga Mundial para o surfe de ondas grandes. Para segurança dos atletas, o esquema logístico do IBW 2022 foi o mesmo adotado pela Liga Mundial para o surfe de ondas grandes em Nazaré.
Atletas como Lucas Fink, Ziul Andueza, Gutemberg Goulart, Victor Gioranelli e Guilherme Hillel, dentre outros nomes, se jogaram nos tubos insanos e pesados de Itacoatiara. Valentin Neves, Fabiano Passos, Daniel Rodrigues e Victor Gioranelli, Aurélio Leal e Katie McConnell também participaram do campeonato.
Resultados Tow-In na Laje do Shock
Campeão
Surfista: Willyam Santana – 23.59 pts
Pilotos Jet-Ski: Paulo Diego Imbica e Ilan Blank
Cinegrafista: Pedro Rolon
2º Lugar
Valentin Neves – 22.53 pts
Piloto Jet-Ski: Kleber Pires
Filmmaker: Pedro Rolon
3º Lugar
Lucas Chumbo – 22.23 pts
Piloto Jet-Ski: Alemão de Maresias
Filmmaker: Yunes Khader
Resultados Remada na Praia de Itacoatiara
Campeão
Gabriel Sampaio – 26.17 pts
Filmmaker: Lucca Biot
2º Lugar
Kalani Lattanzi – 19.83
FIlmmaker: Pedro Rolon
3º Lugar
Marcos Monteiro – 13.74
Filmmaker: Cesar Aiello
Alcance internacional e “uma luz no fim do túnel”
Presidente da Associação de Surf de Ondas Grandes e Tow-In de Niterói e idealizador do Itacoatiara Big Wave, Alexey Wanick disse estar feliz com a noite de premiação e o alcance que a competição teve não só no Brasil, mas a nível internacional também. Ele ainda destacou a contribuição do evento para o esporte e divulgação da cidade.
“Foi um fechamento importante, porque consolidou Niterói como uma cidade referência de ondas grandes no Brasil, tanto na modalidade remada quanto na modalidade tow-in. Esse ano foi realizada a primeira competição em que as duas modalidades aconteceram. E são poucos os lugares do mundo onde isso acontece. Então, é gratificante poder dar essa contribuição para a cidade, poder receber atletas de ponta em Niterói que reconhecem o potencial que a cidade tem, reconhecem o projeto”, explicou.
Ao todo, foram distribuídos R$ 100 mil em prêmios, divididos entre os surfistas, cinegrafistas e pilotos. A premiação aconteceu na noite de ontem (21), na Cervejaria Mafia, em Itaipu. Quem se destacou bastante na festa foi o videomaker Pedro Rolon, que ganhou três prêmios. Ele fez parte das equipes campeã e vice do tow-in, além da equipe vice-campeã na remada.
Quem também estava presente era o ex-BBB Lucas Chumbo, um dos melhores atletas de ondas grandes do mundo. Ele classificou os eventos de Itacoatiara como uma luz no fim do túnel para o surfe de ondas grandes brasileiro.
“Mais uma vez parabenizando a organização do evento, que fez isso tudo acontecer e está movimentando o big surfe no Brasil. O big surfe perdeu muita força ao redor do mundo. Nós perdemos o circuito mundial. E agora, com esses eventos aqui em Itacoatiara, é como se nós estivéssemos vendo uma luz no fim do túnel. É através do nosso Brasil, então foi um sonho realizado poder competir em casa, poder treinar em casa e ainda ter uma premiação irada como essa”, frisou Chumbo.
A temporada também teve iniciativas que reforçam o compromisso socioambiental do Itacoatiara Big Wave. Surfistas plantaram 100 mudas de restinga na área do Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social para compensar as emissões da competição, que se tornou o primeiro evento neutro em carbono do município. O IBW realizou ainda a primeira clínica de tow-in de Niterói para crianças e jovens.
O campeonato tem patrocínio da Enel Distribuição Rio, da Secretaria de Esportes e Lazer de Niterói e da Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur), com apoio da Arenque Surfboards, IBMR Centro Universitário, Organics e E-Vianna Personal.
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